domingo, 27 de março de 2016

Inspiração - Gisele Souza - Editora Charme

Livro: Inspiração
Autora: Gisele Souza
Editora: Charme
Casal: Layla e Bruno
Palavras que resumem: intensidade, força, amor, redenção, entrega, perdas, música, cumplicidade, proteção

Sinopse: “A música nos envolvia numa sensualidade alucinante.”
Para Layla Bonatti, não havia pessoa mais importante do que o seu irmão, Lucas. Criá-lo desde pequeno cobrou seu preço e seus próprios sonhos foram anulados, exceto um: a música, paixão que cultivava desde que era uma menina. 
Cantar no bar era o seu único prazer, em suas apresentações deixava transparecer todos os seus sentimentos. Desta forma, encontrou a recompensa tão sonhada: ser amada e valorizada, seus anseios mais secretos. 
Porém, o fantasma da perda ainda rondava o seu coração. 
Layla será capaz de esquecer toda a dor e finalmente abrir o seu coração para um intenso romance?

Impressão do Leitor

A primeira vez que li esse livro ainda nem pensava em escrever minhas impressões literárias, que por sinal ainda é bem recente. Li Inspiração pela primeira vez ainda em formato digital, assim como todos os livros da série. Foi com esse livro que conheci a escrita da Gisele e me encantei, foi amor a primeira leitura. O bom de reler um livro é que você percebe nuances que não havia atentado anteriormente, considerando que os momentos em que as leituras se encerraram são bem distintos; você já tem outras influências, vive outras contingências, experencia outros momentos emocionais em sua vida.
Mas vamos falar de amor... O amor desse casal é Inspirador...
A Layla é uma mulher muito forte. Apesar de jovem em idade, é uma mulher muito experiente em função das contingências as quais foi exposta. Um passado de grandes perdas a forçou um amadurecimento precoce e a dotou de grande responsabilidade, onde, em muitos momentos, abdicou de sonhos e acabou anulando-se como mulher. Com isso, construiu uma barreira quase instransponível para o amor. Parte disso foi para dedicar-se ao seu grande amor, seu irmão Lucas. Essa relação entre os dois, é um capítulo a parte no livro, mesmo com tanta dificuldade, tanto sofrimento, os dois construíram um amor fraterno tão lindo, tão intenso e tão forte, que todos sentimos vontade de ter um pouco disso em nossas vidas.
Muito dessa necessidade de se esconder do amor, dá-se, na minha opinião pelo grande histórico de perdas e de não ter se permitido sentir essas perdas, guardando-as no mais profundo espaço de seu coração devido a toda responsabilidade que caiu em seu colo; na verdade, era mais um comportamento de fuga/esquiva e com isso, ela vivia pela metade. Contudo, em nenhum momento transformou-se em uma pessoa poliqueixosa, pelo contrário, usou desse sofrimento para tirar forças para sobreviver. E usou outra grande paixão para lidar com seus sentimentos, aprendeu a manifesta-los através das músicas que cantava.... Todas tinham significado importante em sua vida, condizente aos momentos que vivia. Sublimava esse sentimento através dessa grande paixão.

“Sempre me mantive forte e na linha. Não gostava de sentir demais...” (Layla)
“Nunca dei margem para ninguém mais se aproximar, sempre fomos só nós dois. Às vezes era um pouco solitário, contudo, mais seguro”. (Layla)

Já Bruno é um grande médico e apesar de muito jovem, já alcançou um grande espaço na medicina, e com isso muito respeito dos seus colegas. Assume o juramento médico como direcionador de sua carreira, o que traduz todo seu sentimento e dedicação na sua escolha profissional; exercia a medicina por amor.

“Minha retribuição consistia em salva uma vida e fazer o bem” (Bruno).

Muito bem-sucedido na sua profissão, não se pode dizer o mesmo em seus relacionamentos.... É o verdadeiro exemplar de um garanhão, que não quer se prender a ninguém, muito em função do medo de perder sua liberdade.

“Para isso acontecer, meu amigo, só se for um anjo enviado por Deus...” (Bruno)

E os anjos disseram amém... O destino não se conformava com essas barreiras que ambos construíram e logo deu um jeito de juntar essas almas predestinadas. Um encontro que gerou um encantamento mútuo, mas, junto com esse sentimento, veio a necessidade de proteger-se, especialmente em Layla. E surgiram faíscas... Layla, mesmo tendo o desejo desperto, não se entregou a Bruno, gerando nele uma curiosidade ainda maior, tornando-se determinado em conquista-la, confundindo essa determinação com uma pretensão exagerada e excesso de autoconfiança.

“Eu tenho um pequeno problema. Quando eu quero uma mulher, eu a tenho. Não importa quanto tempo demore, e, enquanto você estava naquele palco, tão linda, decidi que você vai ser minha” (Bruno).

Contudo, para Layla, isso não era determinante, ao mesmo tempo que o desejo e o encantamento que sentiu por Bruno fosse avassalador e alarmante pela intensidade, o comportamento dele disparou um alerta de autoproteção, fazendo demonstrar uma falsa repulsa que instigou o instinto de caçador de Bruno. Esse primeiro encontro deixa uma promessa tácita de muita intensidade, desejo carnal, e, quem sabe, um tórrido e irresistível caso de amor!
Layla despertou em Bruno um lado que estava latente, que ele lutava ardorosamente para manter adormecido; uma relação que começou por causa de um desejo intenso, foi derrubando cada barreira erguida em seu coração. Com Layla não foi diferente, a intensidade do que viviam, foi derrubando, tijolo por tijolo desse muro supostamente instransponível. Juntos podiam ser eles mesmos, se explorar sem amarras, com uma atitude de entrega consciente, natural, um poder tão incrível... O poder do amor.... Foi tão arrebatador, que, mesmo em tão pouco tempo, parecia que se conheciam há uma eternidade tamanha a conexão estabelecida.

“Ela era diferente. Apesar de ser quase uma completa estranha, sentia uma energia que nos ligava, era como se a conhecesse há anos” (Bruno).

            Muitos sentimentos contraditórios surgiram, diante da intensidade e velocidade dos acontecimentos, medo e desejo duelavam... Medo de entregar-se a algo mais profundo. Só que o relacionamento para ambos foi libertador... Layla permitiu-se mostrar-se multifacetada, características antes incipientes ou até mesmo desconhecidas se manifestaram naturalmente; permitiu-se ser mulher, percebeu-se ousada, doce, descobriu os prazeres de ser cuidada. Ao longo do livro, vemos um amor avassalador ser construído de maneira quase instantânea, sem ser piegas. Vemos na verdade, mesmo com tantos jogos de sedução, resistência e provocações, o encontro de almas predestinadas. Eles são tão intensos, lindos e apaixonados, que nos envolvem nesse romance tórrido e ao mesmo tempo, tenro.

Posso dizer que esse livro me Inspirou e motivou de duas maneiras diferentes nos dois momentos da leitura, mas igualmente intensas. Em cada momento, coisas diversas me marcaram. Na primeira vez, a história de amor do casal ficou em primeiro plano, o amor de entrega, o amor carnal, o amor fraterno, o amor amigo.... Enfim, o amor. No segundo momento, fiquei muito sob controle do enfretamento de medos, de escolhas necessárias. Escolher significa abdicar de algo, que pode trazer muito sofrimento, mas que pode ser muito natural e reforçador. Escolher pode significar perdas, mas pode significar começos ou recomeços. Depende de como lidamos e enfrentamos essas situações. Gisele foi capaz de me fazer refletir sobre o quanto nossos medos podem ser irracionais, que precisamos enfrenta-los de qualquer jeito; me fez entender que vivemos pela metade se nos prendemos em analisar demais as situações e temer demais nossas escolhas; me fez compreender que devemos sim, viver intensamente e sem medos que nos paralisem.

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