segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Azar o Seu! - Carol Sabar

Livro: Azar o Seu!
Autora: Carol Sabar
Editora: Jangada
Casal: Ana Beatriz (Bia) e Gustavo (Guga)
Palavras que resumem: amor, amizade, traição, reconciliações, autoconhecimento, aprendizado, redescoberta...
Sinopse: “Bia está parada num engarrafamento no Rio de Janeiro, pensando em sua vida azarada. Sem emprego, atolada em dívidas, ela não imagina que está prestes a viver a grande coincidência da sua vida. O motorista do carro ao lado está buzinando, tentando se comunicar com ela, como se fosse um velho conhecido... E ele é! Mas Bia não o reconhece. E como poderia? Ele é um homem, não mais o garoto de dez anos atrás. Está mais encorpado, cortou o cabelo, livrou-se do aparelho nos dentes e das espinhas do rosto, está tão diferente, tão lindo... 
O motorista sai do carro, mas não tem tempo de se explicar, pois começa um violento tiroteio e eles têm que se jogar lado a lado no asfalto. Certa de que está prestes a morrer, Bia entra em desespero e se prepara para dizer suas últimas palavras, na esperança de que o suposto desconhecido deitado ao seu lado possa levar um recado a Guga, seu amor da adolescência, sem perceber que é ele próprio que está ali, ouvindo a inesperada declaração de amor! 
Os dois escapam juntos do tiroteio e, a partir daí, começam a se envolver, dia após dia... Guga, sem coragem de assumir sua verdadeira identidade. Bia, fascinada por ele e feliz consigo mesma por finalmente estar se apaixonando por alguém que não é Guga... 
Azar o seu! vai além de uma comédia romântica. É uma reflexão sobre a importância da amizade verdadeira, do perdão e do autoconhecimento, que nos resgata o poder de decidir sem medo e de reverter escolhas que nos impedem de ser feliz".

Impressão do Leitor
Primeiramente queria dizer: Olá Carol Sabar, eu sou a Paula, muito, muito prazer em ler um livro seu. Fiquei muito encantada com esse título. Confesso que o li por uma indicação de uma amiga e a capa acabou me cativando. Mas nos primeiros parágrafos já fui totalmente conquistada pela Bia e pela escrita da Carol. Já caí na gargalhada logo no início, na cena do cemitério, quando ela disse que, da margarida só tinha visto o caule. Sinceramente, não aguentei de tanto rir. Nesse momento tive certeza que esse livro seria marcante para mim (adoro comédias românticas).
Mas como na sinopse fica evidenciado, não é uma comédia pastelão, sem conteúdo, esse livro traz muitas mensagens, umas mais nítidas e outras mais veladas. Não importa...
Bia é uma jovem de 25 anos, com uma verdadeira paixão pela música, tem uma história familiar de perdas, embora o pai tenha suprido todas essas perdas, pelo menos aparentemente. Ela nutria um grande amor, reconhecimento e gratidão por tudo que o pai havia feito por ela. Ela abdicou de seus sonhos por não querer se tornar semelhante à sua mãe (quando lerem entenderão melhor). Na minha opinião era uma mulher linda, mas não se reconhecia como tal, um probleminha com sua autoestima. Ficava sempre sob controle das situações aversivas, por isso sentia-se azarada. E vamos combinar, ela passa por cada situação...Nunca deu “sorte” no amor, não sendo muito experiente. Tinha um amor adolescente, que antes de tudo era seu grande amigo, irmão de sua melhor amiga. Os três juntos se entendiam plenamente. Contudo, como tudo na vida, todo mundo enfrenta dificuldades, decepções... essa amizade ficou abalada. A relação com o Guga não foi adiante e, quando ele se mudou de país para seguir seus sonhos sem ao menos dar notícias, ela passou a nutrir uma mágoa por ele. Já com a Raíssa, um momento daqueles que dizemos o que queremos, e ouvimos o que não queremos, afastou-as por mais de 8 anos.
O outro elo deste casal, o Guga, me pareceu o inverso da Bia, mas um inverso que se completava. Enquanto tinha uma baixa autoestima, ele era autoconfiante (às vezes até demais), mesmo sofrendo com as agruras da puberdade e mudanças corporais. Sempre soltou indiretas para a Bia, que nunca se deu conta, que de alguma maneira, sua paixão adolescente era correspondida. Ele, ao longo do tempo, transformou-se em um lindo homem, e ainda mais autoconfiante. Eles tinham algo que os aproximava, mesmo sendo, aparentemente opostos, a paixão pela música.
Enquanto casal, viviam se desencontrando, mesmo com reencontros mais improváveis e com coincidências tão improváveis quanto. O que eu achei lindo nessa história foi que, mesmo com o passar do tempo, o amor adolescente não acabou. A forma como eles se reconhecem, mesmo que a Bia sinta-se traída e magoada pelas contingências as quais foram submetidos aos longo desse anos, ela entendia essa sintonia, construída também ao longo dos anos. Gustavo é exemplo de persistência, tanto na família quanto em sua relação com Bia. É protetor nas suas relações e se entrega, mesmo que, na minha opinião tenha se equivocado, em parte, no rumo que conduziu a relação com a Bia. Em parte, pois ele percebeu que não podia ser egoísta em pedir que ela abrisse mão de seus sonhos para ficar com ele, já que era muito jovem (assim como ele não quis abrir mão dos seus próprios). Porém, imagino que ele tenha se equivocado em manter-se tão distante, por tanto tempo, alimentando a mágoa que a Bia tinha dele.
Lindo foi o momento em que precisaram se dar conta de que haviam amadurecido, mesmo que a força, mesmo que as vivências adolescentes insistissem em ressurgir em suas mentes e atitudes. Lindo foi como eles passaram por um processo de autoconhecimento, precisando lidar com seus fantasmas e medos, precisando lidar com a rejeição. Lindo foi ver que mesmo longe, a amizade pode retornar com toda força, apenas com o perdão abnegado (pode parecer redundante, mas quis enfatizar isso). Linda era a relação de pai e filha, construída ao meio de uma perda. Lindo foi o reencontro, as reconciliações, o perdão, as segundas chances de felicidade, seja no amor adolescente, no amor maduro, no amor amigo.

A escrita da Carol é fluída, leve e divertida. Trata de temas como perdas, amadurecimento, autoconhecimento, reconciliação, perdão, entre outros, com uma suavidade ímpar, com uma pitada de muito, muito humor. Virei fã da Carol Sabar, vou me dedicar a conhecer ainda mais a obra desta autora. Mais uma na leva de grandes autoras brasileiras da nova geração que entrou para minha lista de favoritas. 

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