quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Simplesmente Você - Cissa Prado - Editora Charme

Livro: Simplesmente Você
Autora: Cissa Prado
Editora: Charme
Casal: Helena e Eduardo

Sinopse: Helena é uma jovem simples, divertida e muito desastrada. É bem sucedida profissionalmente e tem uma vida pessoal tranquila. Mas isso muda completamente quando, de maneira inusitada, o destino coloca Eduardo em sua vida. Alto, moreno e dono dos olhos azuis mais lindos que ela já viu, ele vira sua vida de cabeça para baixo e uma paixão arrebatadora surge entre eles. Helena tenta se afastar e evitar o que sente, mas a atração entre os dois fala mais alto.
Eduardo é um homem fantástico, mas também muito misterioso e fechado. Ele não permite que ninguém se aproxime, até que Helena, com seu jeito maluco, começa a quebrar suas barreiras.
Mas um segredo entre eles faz com que o sentimento seja testado. E isso pode colocar tudo a perder. Será que esse casal conseguirá superar os obstáculos que surgirem ao longo do caminho e deixará o amor vencer?

Impressão do Leitor

“Nunca tive tanta certeza de que a mulher da minha vida é simplesmente você”

Gente, não quero ser repetitiva quanto a livros que entram para o roll de favoritos, mas esse ano, confesso, tá difícil não colocar alguns nesse elenco. Simplesmente Você me conquistou do início ao fim, por vários motivos. A Cissa Prado imprime uma marca própria neste livro; ela consegue, ao mesmo tempo, com o mesmo casal, trazer a comédia romântica, com cenas hilárias que me arrancaram gargalhadas; apresenta a leveza do amor romântico, que me fez suspirar e ver coraçõezinhos por onde eu andava, com borboletas no estômago também, é claro; e ainda colocou um quê de mistério com uma carga dramática que transformaram meu coração em uma bateria de escola de samba e meus olhos em um descontrolado mar de lágrimas. Fora a fluidez de sua escrita, numa linguagem clara e que nos entretém intensamente, que me fez ficar presa a essa leitura em todo o meu tempo livre, ou seja, não fazia outra coisa a não ser devorar esse livro.
Ela nos apresenta a Helena e Eduardo, um casal apaixonante, mesmo que em alguns momentos, eu confesso, deu uma certa vontade de esganar o Eduardo... Mas depois que conheci todo o mistério que o rodeava, não tinha como não me entregar a uma verdadeira paixão por ele (Helena que não me escute, com todo respeito, tá bom?).
Helena, uma mocinha encantadora. Jovem, linda (embora não se reconhecesse como tal), extremamente competente no seu trabalho, uma romântica, mas cheia de conflitos por não conseguir um relacionamento sólido. Um tanto quanto desastrada também, e dona de um apetite peculiar. Uma coisa que me cativou nessa personagem foi sua forte ligação com a família e uma fidelidade muito grande as suas amizades (preciso destacar a Vó Elvira, um capítulo a parte nesse livro, uma figura!). Possui um lado apaixonante e bastante aflorado, carregado de altruísmo e filantropia. Dona de uma personalidade instigante... Ao mesmo tempo que apresenta um lado muito doce, consegue ser mais intempestiva; é forte, mas demonstra muita insegurança em alguns momentos, especialmente no seu relacionamento com o Eduardo... Todo esse turbilhão que é Helena, me fez ficar encantada com sua personalidade, embora em alguns momentos eu quisesse dar uma sacudida nela, para chamar sua atenção para algumas coisas. O lado cômico do livro, tem muita relação com essa personalidade dela.
Já o Eduardo, um jovem imponente somente com sua presença, tem um lado muito misterioso (que foi um dos pontos altos desse livro, me fazendo queimar muitos neurônios). Em função dos seus segredos, ele possui algumas atitudes que, aos olhos dos outros, especialmente de Helena, que soam como esnobe, talvez até arrogante. Mas ao mesmo tempo, tem um lado doce e romântico que nem ele mesmo sabia que tinha e somente Helena conseguiu despertar. Um homem marcado por um trauma, um passado que deixou feridas que não permitiam que ele pudesse se envolver e entregar-se a uma verdadeira paixão, a um amor idílico, como o que sentia por Helena. Mas esse sentimento foi tão forte e intenso que contribuiu para quebrar as amarras de seu passado.
Helena e sua marca registrada, ser desastrada, foi a tônica do primeiro encontro. Mesmo em todo um contexto não muito favorável, esse encontro transformou os dois, produziu faíscas que nenhum dos dois nunca havia sentido. Apesar de ser rápido, foi extremamente marcante.
O segundo encontro, inesperado da mesma maneira, os colocou em uma situação complicada, em que precisariam de um contato mais próximo, mas ao mesmo tempo, manter uma certa distância. Contudo, o que estava destinado a ser, nada poderia atrapalhar. A medida que ambos foram conhecendo-se melhor, foi inevitável aflorar o sentimento que era apenas uma faísca de admiração e desejo, tonando-se algo mais profundo e arrebatador.

“Você é muito metido, sabia? Aposto que deve ser um filhinho de papão metido à besta. Mas, se você não está ligando, pelo menos não me prejudique. Diferente de você, eu realmente preciso desse emprego.” (Helena).

Eduardo não sabia lidar com esse turbilhão de emoções que Helena despertara nele, que, somado aos seus segredos e mistérios, fez com que lutasse contra o sentimento que apenas crescia em seu peito. Tentou evitar a ferro e fogo o que Helena estava causando em sua vida, mas o encantamento que ela despertou nele, foi mais forte do que as barreiras impostas por Eduardo. Cedeu ao desejo e ao amor que se instalou sem pedir licença, entregando-se a esse sentimento. Mas a entrega não foi completa, não permitia-se abrir-se com Helena sobre tudo que havia vivenciado, sobre os fardos pesados que ainda carregava. Tudo isso culminou em algumas crises no relacionamento e no aumento das inseguranças de Helena.

“Sim, preciso, porque eu não deveria estar agindo dessa maneira com você. Espero que não me odeie por isso, sei que deve estar me achando um idiota” (Eduardo).
“É claro que não odeio você. Apenas pensei que aquele beijo tivesse significado alguma coisa para você.” (Helena).
“Solto um suspiro de frustração. Esse homem é uma contradição ambulante. Aposto que é bipolar” (Helena).
O comportamento de Eduardo ao longo do livro é interessante demais de ser observado. Percebemos, com clareza, o encantamento que vivenciava nas mínimas coisas, aprendendo a aproveitar o simples, tudo graças à Helena. Essas novas descobertas, a possibilidade de ser ele mesmo, de perceber aspectos de sua personalidade dos quais nunca havia se dado conta, foram os responsáveis por Eduardo resolver abrir seu coração, sua vida à Helena, que por sua vez, não suportava mais essa aura misteriosa que irradiava dele assombrando seus pensamentos e o relacionamento deles. Preciso destacar o quão lindo foi o momento que Eduardo finalmente abriu sua alma para Helena, percebi a leveza tomando conta dele, por poder falar, ser ouvido, compreendido e aceito.

“Até tentei, mas não quero mais evitar o que sinto por você” (Eduardo).
“Você me faz ser uma pessoa diferente, Helena. Perdi tempo demais tentando me afastar e agora quero aproveitar cada segundo ao seu lado” (Eduardo).
“Às vezes fico pensando o que eu fiz para merecer uma garota tão especial. Você me faz acreditar que também sou uma pessoa especial”. (Eduardo)
O amor dos dois passou por várias provações, que cobraram o preço de um amadurecimento a ambos; precisaram passar por um processo de autoconhecimento para conseguirem levar adiante essa relação. Quando isso aconteceu, os dois puderam viver, com toda a força, o amor que os aplacou tão intensamente, que me vi rindo e chorando em vários momentos, dentro de um mesmo capítulo. Mesmo com toda a carga dramática, a leveza desse romance foi o que mais me encantou. Recomendo a todos essa leitura, cheia de muito amor, amizade, sentido de família, entrega, aceitação, cumplicidade e altruísmo. Lindo demais.


“Vim decidido a nunca mais deixar você sair da minha vida” (Eduardo).

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Era Você - Gisele Souza

Livro: Era Você
Autora: Gisele Souza
Editora: Independente
Casal: Alysson e Andrew

Sinopse: Alysson Joana, mais conhecida como AJ, sempre foi uma garota sonhadora; desejava viver plenamente, aproveitando tudo que a vida tinha a lhe oferecer. Livre de amarras, se entregava aos seus desejos de corpo e alma. 
Quando ela conheceu o sedutor Drew, não teve dúvidas de que o queria. E uma noite de amor na praia foi suficiente para que ele ficasse guardado em sua memória. Porém, infortúnios da vida têm o poder de mudar uma pessoa de um dia para o outro. Cansada de se decepcionar, Alysson decide se prender dentro de si mesma. Uma prisão interna que a faz encontrar um novo caminho. E, mesmo que ele lhe custasse tudo do que sempre se orgulhou, era mais seguro. 
Só que, em seu coração, permaneciam as lembranças de quem foi e de quem amou. Em segredo, alimentava um desejo proibido, que nunca poderia ser saciado. Um amor ilícito, uma tentação. 
Contudo, para viver esse amor, ela precisava libertar-se da prisão na qual se encarcerou e se reencontrar. 

“Negar-se pode ser mais sufocante do que perder o ar.”

Impressão do Leitor

“A liberdade só será possível quando você estiver tão inteiro que também possa enfrentar a responsabilidade de ser livre” (Autor desconhecido).

Inicio minha resenha com essa frase retirada do epílogo deste livro, pois, na minha opinião é uma das principais mensagens que ele nos deixa, dentre tantas outras. Era você, embora eu corra o risco de torna-me repetitiva, se tornou um dos meus romances favoritos. É um livro que vem nos instigar a refletir sobre nosso comportamento conosco e em nossos relacionamentos; nos provocar a questionar até que ponto estamos dispostos a abrir mão de quem somos em busca de aceitação e de uma suposta segurança, explorando com maestria várias temáticas que juntas, o transformam nessa maravilha que é.
A Gisele conseguiu prender a minha atenção já no prólogo e assim se manteu até o capítulo bônus (que por sinal é uma das minhas partes favoritas). O livro traz a história de Alysson, mais conhecida por AJ e Andrew, Drew para os intímos, como ele mesmo, sedutoramente, gosta de afirmar. Os caminhos dos dois se cruzam ainda jovens, de forma bem casual, mas que, os marcou a ferro e fogo. O destino, da mesma forma que provocou esse encontro, os obrigou a fazer escolhas que os separaram.
Podemos descrever os dois a partir de suas histórias de vida, e como em ambos, esses momentos foram marcantes para a construção de seus repertórios comportamentais. AJ, uma mulher de uma beleza estonteante, que na juventude era livre de amarras e se permitia viver tudo que se propunha a viver, após sofrer algumas decepções e precisar fazer algumas escolhas, tornou-se, ao longos dos anos, uma mulher que buscava adequar-se ao que a sociedade determinava, mas especificamente a família do seu marido. Aos poucos, ela deixou de ser AJ para ser Alysson, uma mulher que tinha desejos e vontades, mas que as sublimou em prol da família. Mesmo no auge de sua juventude, Alysson, dona de uma determinação e de uma grande teimosia, foi deixando que seu brilho se apagasse, passando a viver em uma prisão interna, onde, nem mesmo nos seus pensamentos, permitia surgir novamente a AJ.

“Olha, Drew. Não precisa fingir nada, sei o que você queria com essa festa e o notei me olhando desde que cheguei, talvez eu queira a mesma coisa” (AJ)

 “Confesso que também era um pouco desconfiada quanto a isso, por esse motivo que escolhi o seguro. Talvez o problema de tudo era quando se entregava por inteiro, mas se você segurasse um pouco pra si, não corria o risco de se deixar atropelar” (Alysson).
            Drew, era um jovem sonhador, cheio de vida, dotado de particular beleza, extremamente volúvel no que se refere as mulheres. Contudo, ao que parecia ser apenas mais uma mulher em sua vida, despertou nele o desejo e as sensações nunca antes experimentadas, que o marcou no fundo de sua alma. Ele precisou fazer uma escolha e optou por seguir o seu sonho de entrar para marinha americana e se tornar um SEAL, em detrimento de uma paixão de uma noite só. Porém, essa paixão ficou impregnada nele de tal forma, que, mesmo depois de tanto tempo, percebeu que não se apagava tão facilmente. Assim, decidiu voltar e reconquistar o que deixou para trás. Só que mais uma vez o destino prega peças. Ao voltar ele teve uma desagradável surpresa, que adiou mais uma vez os planos de viver intensamente essa paixão. Como sempre foi extremamente fiel àqueles que ama, precisou aprisionar essa paixão, transformando esse sentimento (ou melhor, mascarando-o) em uma linda amizade.
Durante muito tempo, Drew tornou-se um verdadeiro amigo para Aly, aquele com quem ela podia contar, e em muitos momentos desabafar sobre as vicissitudes da vida. Já mencionei aqui as artimanhas do destino? Pois bem, mais uma vez ele apronta das suas e, após um evento trágico, que afetou a ambos, traz a tona o sentimento a tanto sublimado. Ele voltou de uma forma tão intensa, que para AJ foi um tanto assustador, fazendo com que ela demonstrasse um grande receio de entregar-se a tudo o que sentia. Mas esse momento, somado a tragédia que havia experimentado e a tudo que se transformou sua vida, provocaram nela uma necessidade de libertar-se das amarras que ela mesma se vestiu; aos poucos, mesmo a base de algum sofrimento, ela foi voltando a ser o que sempre foi, recuperando o brilho e a vontade de viver, recuperando a capacidade de perceber que podia ser feliz e que merecia isso.

“... Você precisa se conhecer novamente, Alysson. Se amar antes de me dar uma chance de entrar no seu coração” (Drew)
            Após ambos se libertarem dos seus passados, refletirem sobre suas necessidades e sentimentos, é que se permitem uma entrega tão plena que me fez derramar lágrimas com tanta beleza. Libertam-se das convenções, das amarras e vivem, em plenitude, o amor sublime e leve, sem cobranças e julgamentos, apenas a cumplicidade e aceitação como alicerce de todo o relacionamento.

“Eu não consigo negar mais nada, Andrew, cansei de ser alguém que precisam que eu seja. Cansei de negar meus desejos. Não sou o que reflete no espelho.” (AJ)

“... Quando eu me encontrei, era você que estava ali ao meu lado para me apoiar e me dedicar todo seu amor. E te amo ainda mais por me ajudar a me permitir ser eu. Nossa união é abençoada porque respeitamos quem somos! Obrigada por não desistir de mim mesmo quando eu desisti...” (AJ).

“Mesmo quando não era minha Alysson, se eu precisasse força para enfrentar qualquer coisa, era em vocês que eu pensava. Amo Sophie como minha filha”. (Drew)

“Era você em todos os momentos, AJ” (Drew).
            Gente, e o que é a Sophie?! Essa menina, tão pequena, é de uma sabedoria apaixonante. Ela nos ensina tanta coisa, de uma maneira tão leve e muitas vezes engraçada, que se torna impossível não nos apaixonarmos por essa criança. Sentimos a sua dor, o seu amor, a sua sabedoria, na nossa pele. Em vários momentos, me peguei querendo acalenta-la, ou vibrando por suas tiradas desconcertantes.

“Aprendi a amar. Sim, eu aprendi a amar de todas as formas possíveis e tipos de pessoas.
Aprendi a amar e admirar minha mãe e admirar a mulher maravilhosa que ela é. Aprendi a amar você, pai, porque percebi que tenho parte de ti dentro de mim e amo ela, por isso eu te amo...
Mas, acima de tudo, minha mãe me ensinou a amar a mim mesma.” (Sophie).

            Por falar em Sophie, preciso dizer que a Gisele enriqueceu imensamente esse livro explorando a relação entre Sophie e Aly. A mãe se mostra uma leoa no que se refere a filha. Aquela mãe que não impede a filha de sonhar, que a estimula, a incentiva, a acolhe e a ama incondicionalmente, e que a protege; tendo o reconhecimento de tudo isso por parte de Sophie. Fiquei extremamente emocionada com a forma que as duas se amam. A Sophie, definitivamente conquistou meu coração. Lindo também, é o amor e a cumplicidade que Drew e Sophie construíram, mostrando que o amor supera inclusive laços sanguíneos.

“Eu te entendo, minha lindinha. Mas vamos combinar uma coisa? Se você for forte por mim, eu serei forte por você. Assim apoiamos uma a outra, o que acha?” (Alysson)

“Eu te conheço, mamãe, não aquela outra que era quando se escondia, mas essa que tá aí dentro” (Sophie)
            Esse romance, como todos da Gisele, me transportam a uma automática reflexão. O epílogo desse livro, é o maior exemplo disso, quando, abertamente, te questiona diretamente sobre fatos que você nem sempre reflete ao longo da sua vida, diante de automatismos que realidade nos impõe. Confesso que após a leitura parei sim, e automaticamente me peguei pensando até que ponto sou livre para viver conforme eu acredito, se de fato não me coloco em situações extremamente aversivas para as quais não tenho vontade de sair, por puro comodismo. Questionei-me intensamente sobre as relações que estabeleci ao longo da minha vida, que foram responsáveis pelo meu repertório comportamental. Posso afirmar categoricamente que me fez tão mais leve pensar sobre isso e refletir sobre minha vida, minhas escolhas, meus comportamentos, que me causou até um arrependimento por não ter feito isso, tão intensamente, anteriormente. Por isso amo os livros, pois podemos aprender e fazer transcender as vivências dos personagens para reflexão sobre a nossa própria vida, e o fazemos de forma tão natural, que se torna mais fácil lidarmos com as questões que possam surgir. Por tudo isso, sou muito grata a Gisele, pois além de nos entreter com sua mágica e poderosa escrita, nos permite nos autoconhecermos a partir da realidade e das temáticas que nos apresenta. Recomendo muito essa linda e apaixonante leitura.


“Um relacionamento saudável é aquele que ama sim, muito, mas que também respeita o espaço de cada um. É o amor que sente saudades sim, mas respeita as escolhas do outro. É o amor que apoia, que elogia, que eleva” (Alysson).

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Insinuação - Gisele Souza

Livro: Insinuação
Autora: Gisele Souza
Editora: Independente
Casal: Liz e Heitor

Sinopse: A beleza da vida está na simplicidade das coisas. Um olhar carregado de insinuações pode transmitir muito mais do que palavras conseguem traduzir. 
O misterioso Heitor Teles é um homem de origem humilde, que batalhou por cada conquista na vida. Apesar do bom humor e charme cativante, o dono do Beer At The Bar caminhou nas sombras por muitos anos, expurgando seus pecados. Quando tudo parecia ter se perdido, ele encontrou a paz que tanto almejava e a esperança de redenção. 

Liz Queiroz conheceu Heitor em seu momento mais frágil, de alguma forma se conectou a ele muito mais do que deveria e precisou se afastar. Mas seus sentimentos eram fortes e reais demais para ignorá-los. Por mais que fosse se machucar, ela precisava dar uma chance. 
Só não contava que os fantasmas do passado retornariam. Um segredo capaz de destruir o que restava da esperança precisava ser revelado. Como perdoar o erro que custou mais que sua alma?
?

Impressão do Leitor

“Um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo” (Jean-Paul Sartre).

Nem sei como começar a falar sobre esse livro. A Gisele conseguiu mexer tanto com meu emocional com essa história, com suas revelações! Posso afirmar, categoricamente, que esse é, de longe, o livro com a maior carga emocional e dramática de toda a série. Ainda estou perdida com meus pensamentos e tantos sentimentos que conflitam e ao mesmo tempo se complementam.
O livro traz a história de Heitor e Liz. Ambos já apareciam nos volumes anteriores, mas nesse conseguimos, finalmente, desvendar e compreender até a alma desse casal. Heitor é um homem bem resolvido profissionalmente, mas muito misterioso, era visível que ele construiu um escudo protetivo ao seu redor, não permitindo que as pessoas que ele mais amava na vida tivessem acesso ao lado mais obscuro de seu passado, que ele lutava para fugir, apagar, das maneiras mais diversas e mais perigosas possíveis. Essa aura misteriosa de Heitor sempre foi o que me atraiu e me fez esperar ansiosa pelo seu livro. Confesso que levantei inúmeras hipóteses, em algumas até cheguei perto, mas nunca, em tempo algum, podia imaginar que fosse um drama como esse.
Heitor busca se punir por seu passado, diria que beira o autoflagelo; tenta afastar as pessoas que amava para não as permitir entrar e expô-las ao perigo que ele considerava ser. No fundo, acho que Heitor buscava se blindar, pois não conseguiu mais suportar tanto sofrimento, e tinha um medo forte de viver tudo aquilo novamente. Com isso, Heitor não se permitia viver em sua plenitude, em nada que se propunha a fazer; vivia esquivando-se e fugindo de tudo que podia fazê-lo feliz; era como se não se sentisse merecedor da felicidade, do dom da vida. Até que conheceu Liz, em uma situação, para variar, extremamente dramática.
Liz era uma médica muito competente no que fazia, extremamente dedicada ao seu ofício e juramento. Contudo, apesar de amar seus pais profundamente, sentia-se sozinha, porém, não conseguia envolver-se em relacionamento amorosos, por temer mais desilusão e humilhação, como as que sofrera no passado. Só não contava com esse encontro, predestinado, diga-se de passagem, com Heitor. O magnetismo foi tão forte, que digamos, somente a presença de Liz foi capaz de “trazê-lo de volta à luz”. E aí começa o drama desse casal.
Ao mesmo tempo que não negavam a enorme atração que os conectava, não conseguiam entregar-se por completo, pois acabaram construindo essa relação de uma forma equivocada. Liz resolveu perceber em Heitor uma segunda chance para amar, mas delegando a ele a responsabilidade de fazê-la feliz. Em contrapartida, Heitor a via como sua luz, como sua redenção, como uma forma de sublimar o seu passado. Na minha opinião, aí consistia o equívoco. Não é possível buscar a felicidade somente no outro e pelo outro, é preciso que tenhamos consciência de que somos os únicos responsáveis por nosso sucesso e nossa felicidade. O outro é um complemento a isso. Para fazer alguém feliz, preciso estar bem resolvido comigo mesmo, entendendo que dificuldades existirão, mas que, me autoconhecendo, consigo transpô-las sem responsabilizar ou culpabilizar o outro ou a si próprio.

“Você precisa trazer minha luz de volta! Só ela pode me tirar das sombras. ” (Heitor).

“Não sou a salvação de ninguém. Apenas você pode fazer isso por si mesmo, Heitor. É bom colocar isso na sua cabeça antes que magoe alguém” (Liz).

Diante de todo o drama que regeu a vida de ambos, com perdas, decepções, lutos, vocês podem imaginar a grande dificuldade que tinham para autoconhecer-se, para compreender que não é possível apagar o passado, mas existe a possibilidade de aprender a conviver com isso e apesar disso.
Quando o casal se deu conta de tudo isso, precisaram lutar, aparentemente e necessariamente sozinhos para amadurecer; compreender e aceitar suas questões, dificuldades, defeitos e qualidades. Isso era primordial para buscar a felicidade, sem o pensamento utópico de que o amor que nutriam um pelo outro apagaria toda dor e sofrimento que vivenciaram. Esse amor seria sim responsável por ajudar a lidar e aceitar o passado e suas dores, mas sobreviveriam apesar de tudo e acima de tudo. Eles não salvaram um ao outro, aprenderam a se ajudar e complementar, aprenderam que podem ser felizes e que tem esse direito. É lindo e sofrido ver o crescimento, a libertação e redenção das personagens, lidando com suas questões e com sofrimento oriundo de todo esse processo.

“Eu vivi sendo apenas um pedaço por muito tempo, carreguei uma culpa que não tinha tamanho e acreditei realmente que tinha responsabilidade das coisas ruins que me aconteceram. Por caminhar tanto tempo sozinho e na escuridão, eu esqueci como era ver a luz; quando você apareceu na minha vida, vi uma chance de tentar ser feliz de novo. Achei que Deus não poderia ter colocado alguém tão especial no meu caminho se eu não tivesse uma chance de redenção. Só que não me dei conta de que eu nunca poderia ter essa chance se não perdoasse a mim mesmo. Ainda não o fiz, Liz...” (Heitor).

“... E você não lutou minhas batalhas, mas me mostrou o caminho para que eu pudesse vencer sozinho” (Heitor).

Um aspecto que me encantou nesse livro foi o fortalecimento das relações entre todos os casais dos livros anteriores. Gisele nos brindou com cenas incríveis protagonizada por eles! O que foram aquelas cenas românticas, com a expressão mais pura e sublime do amor? Cenas que nos brindavam com tanto amor, amizade, que nos ensinavam os diversos significados de família, de amor fraterno, de proteção, segurança e acolhimento. Percebe-se que, apesar de termos que lidar com nossos fantasmas internos sozinhos, esse amor familiar (em todas as suas nuances) facilita muito esse processo. A unidade que eles se tornaram, deu um que de suavidade a esse romance. Tudo muito bem escrito e delineado, sem brechas, só complementos.
Esse livro é tão intenso que confesso, fui dormir inúmeras vezes soluçando e com os olhos inchados de tanto choro extravasado. Choro com diferentes significados... Choro pela perda, pela dor, pela saudade, pelo amor intenso e verdadeiro, pela entrega, pela amizade, pela família, pelas descobertas e revelações... esse livro me trouxe várias questões para reflexão, mas apesar de difícil, tento sinalizar uma que mais me marcou: devemos viver nossa vida intensamente, dizer o quanto nos amamos e amamos o outro... entender que nem tudo está sob nosso controle e precisamos viver apesar disso. Fez eu refletir que a vida não é nada fácil, é cheia de dramas reais, mas que podemos viver e aceitar essas dificuldades como parte de nosso crescimento e amar tão intensamente e com todos os seus significados.
Sou realmente grata à Gisele por me proporcionar tantos sentimentos diversos em um mesmo capítulo e em todo o livro. A sensibilidade, o amadurecimento de todos os personagens ao longo dos 4 livros foi incrível e marcante. Esse livro é simplesmente lindo, por tudo isso que descrevi, por todos os sentimentos que desperta, por tratar de temas tão cheio de significados e realidade, por toda intensa carga emocional e ao mesmo tempo, contrabalanceando, temas cercados de suavidade e sensibilidade. Definitivamente essa série é uma das minhas favoritas e esse livro, com toda certeza é um dos que mais me marcou nos últimos tempos, me fez ver como somos frágeis, mas como somos belos exatamente por nossas fragilidades, por nossa capacidade de sobrepô-las, por nossa capacidade de resiliência. Simplesmente incrível! Recomendo muito essa leitura.

“Encontre a sua inspiração e a qualquer impulso do destino se entregue ao ímpeto de se apaixonar perdidamente por alguém ou alguma coisa, submeta-se completamente às boas insinuações da vida” (Layla).


“Carpe diem, quam minimum crédula póstero, que significa: ‘Aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã’” (Heitor).

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Provocante - Paola Scott - Editora Charme

Livro: Provocante
Autora: Paola Scott
Editora: Charme
Casal: Pedro Lacerda e Paola Goulart

Sinopse: “Paola, quarenta anos, muito bem resolvida, separada e com uma filha adolescente. Acostumada a viver dentro das regras, mas cansada dos pré-julgamentos, decide dar um basta em relacionamentos insossos e em homens de mentirinha, que não conseguem acompanhar o seu ritmo e compartilhar suas fantasias. 
Pedro, solteiro, experiente, viril, bem-sucedido e que não admite que ninguém intervenha em seus hábitos, gosta de viver suas aventuras sexuais com mulheres mais jovens, sem se deixar envolver. 
Numa época em que os homens se sentem ameaçados pelo sucesso feminino nos mais diversos ramos, que romances eróticos expõem os desejos mais íntimos das mulheres e fazem com que estas sonhem com os sedutores personagens desses livros. E que, apesar da modernidade, ainda sejam censuradas e condenadas por uma sociedade hipócrita. O que acontece quando estas duas pessoas vividas e experientes se encontram? 
Pedro, na ânsia de conquistar uma mulher diferente de todas as que está acostumado, resolve utilizar meios escusos para se aproximar. Mas, sem dar-se conta, se vê apaixonado por esta fêmea sensual e provocante. 
Pode uma mulher, à procura do amor verdadeiro, perdoar uma violação à sua privacidade? E afinal, seria mesmo amor? Ou o tempo todo foi apenas uma fantasia?”.
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Impressão do Leitor
Simplesmente um romance de tirar o fôlego do leitor, é como posso começar escrevendo sobre o livro Provocante, da Paola Scott... Título mais perfeito não poderia haver, pois é um livro que te provoca e instiga o tempo inteiro, que te faz prender o ar, por diversos motivos em diferentes momentos, e, ao mesmo tempo, te faz suspirar com tanto amor envolvido entre o casal. Quatro palavras me vêm a cabeça ao rememorar a preciosidade dessa experiência que foi ler esse romance: intenso, provocante empolgante e apaixonante.
            Não conhecia a escrita da Paola, infelizmente!! Devorei esse livro numa velocidade feroz, como o amor arrebatador desse casal. Para mim, a Paola conseguiu trazer um excelente exemplar do gênero erótico, e o que é melhor, é uma autora da nossa terra, superando, na minha opinião, autoras estrangeiras (que já me conquistaram) que escrevem tão bem esse gênero, como a trilogia mais famosa, Cinquenta Tons de Cinza (citada neste livro).
            Ela nos apresenta um casal, maduro, mas inexperiente no que tange ao amor. Paola Goulart, uma mulher de poucos e decepcionantes relacionamentos amorosos, e no auge dos seus 40 anos, estava há dois sem ninguém. Com uma filha de 16 anos, não se permitia envolver-se em simples aventuras, mas isso não significava que não tivesse fantasias, era, ao contrário, uma mulher extremamente cheia de vida, fantasias e desejos. Muito madura, dona de uma autoconfiança que poderia até ser intimidante, tinha uma autoestima surpreendente! Era extremamente bonita, competente e de bem com a vida. Claro que tinha algumas inseguranças (quem não as tem?), mas nada que atrapalhasse sua vida e sua postura diante das dificuldades, e dos homens. Era muito correta, não admitia mentiras e traições. Paola tinha um hábito de ler, e adorava compartilhar suas leituras com um grupo de amigas numa rede social, onde se sentia ela mesma, livre, podendo falar sobre o quisesse, sem julgamentos.
            Por causa de seu trabalho como contadora, ela conhece Pedro Lacerda, um advogado, extremamente sexy e sedutor, dono de uma excelente forma física e muito vigor nos seus 42 anos, aquele vigor de dar inveja a muito jovem de 20 anos, se é que me entendem... Um homem experiente, competente, mas, na opinião de Paola, mais um mulherengo do qual deveria manter distância e segundo ela, “muita areia para seu caminhãozinho”...
Só que isso não seria assim tão fácil. O fascínio que ela exerceu em Pedro foi tão grande, que abalou as estruturas desse homem sempre tão seguro de si. Ele, sempre tão acostumado a ter a mulher que queria, percebeu em Paola uma pessoa diferente. Era um homem imponente, contudo não era arrogante, mas determinado a sempre conseguir o que queria, mesmo que precisasse utilizar de métodos não tão convencionais, até mesmo ilícitos para isso. Nunca quis envolver-se com nenhuma mulher, especialmente as mais maduras, pois não queria cobranças, não queria perder sua tão presada liberdade.
            A atração entre eles foi tão poderosa, logo no primeiro encontro, que mexeu com os dois de modo irremediável. E foi então que Pedro tomou uma decisão, no calor do momento, que poderia abalar algo intenso que ainda estavam para viver. Ele, determinado e persistente, decidiu que a queria, e foi à luta. A princípio Paola resistiu com todas suas forças, tinha medo de envolver-se e magoar-se profundamente, pois previa que, assim que cedesse, não teria mais volta, seu mundo seria transformado pela presença de Pedro Lacerda (e o dele também).

“Sinceramente? Não sei dizer o que é. Essa mulher mexeu comigo. Eu a quero para mim, mas sinto que não posso avançar como com as outras mulheres... (Pedro)

“Não sou difícil, sou seletiva, é diferente. Se eu achar que não é bom para mim, simplesmente não aceito” (Paola)

            Claro que não tinha escapatória para Paola, era uma questão de tempo para estar nos braços, na cama e em seu coração. A presença marcante de Paola, tomou conta da vida, dos pensamentos e do coração de Pedro de tal forma, que ele não podia mais imaginar nenhum momento de sua vida que não fosse preenchido por ela, de qualquer maneira.

“Você tem ideia do que fez comigo, Paola?” (Pedro)

“Eu tentava me enganar. Você é o melhor para mim. Você é tudo para mim, Pedro”. (Paola)

Preciso fazer uma ressalva aqui para os adjetivos que ele usava para descrevê-la, e o melhor, a explicação dele para isso. Esses apelidos, davam um quê especial, que, dependendo do momento, eram engraçados ou sedutores.

“Já disse que você é isso tudo. Insaciável, acho que não preciso explicar. Bruxa, porque você faz coisas que me deixam enfeitiçado por você. Loba, porque é bem-resolvida e quente como o inferno. E deusa, porque você está acima de tudo e de todos em minha vida”. (Pedro).
            Lindo de ver foi que apesar de serem maduros e vividos, estavam vivendo coisas novas, aprendendo um com o outro e com sua relação. Precisavam aprender a lidar com os ciúmes, com as fantasias, com o fogo que os consumia, e principalmente, com o amor mais sublime que os arrebatou, aquele amor de entrega, sem nenhuma amarra, aquele amor que não nos deixa vulnerável, pois temos o outro.

“Eu amo você, Paola! Amo loucamente! Como nunca imaginei ser possível amar alguém. Eu disse e repito que preciso de você na minha vida. Todos os dias, o tempo todo. Eu quero seu corpo, seu coração, sua alegria. Quero ser seu suporte, seu amigo, seu amante. Me deixe amar você. Me deixe te fazer feliz. Porque é isso que você faz comigo! (Pedro)

Ambos tinham medo do que estavam sentindo, tamanha a intensidade de tudo, da paixão e, principalmente, do amor que os arrebatou, que os consumiu. Era algo tão intenso, uma conexão tão forte, uma atração tão arrebatadora, que nem precisavam expressar com palavras, bastava os corpos e olhares conectados para que falassem tudo o que sentiam. Tudo nesse casal era intenso, desde os jogos de sedução, de provocação até as demonstrações de carinho e de amor. Como disse, esse casal, suas vivências, são de tirar nosso fôlego.
O amor tão forte que sentiam gerava o medo de perder o outro, de acordar e perceber que tudo não passou de um sonho, que nada daquilo era real. Esse medo tornou-se ainda mais palpável com a presença de alguns obstáculos no caminho, alguns até criados por eles. Pessoas do passado resolveram aparecer, pessoas do presente resolveram colocar as manguinhas de fora, e promover um imenso teste à força desse amor que se instalou de forma tão devastadora e transformadora.

“Paola! Diz que nunca vai me deixar. Promete que vai ficar comigo. Para sempre.” (Pedro).

Lembram que eu falei lá em cima que Pedro utilizava de meios não tão convencionais para conquistar o que queria? Pois bem, isso cobrou seu preço e agora, ele precisará provar, acima de qualquer coisa, que, apesar de seus defeitos, ele tem grandes qualidade e mais, que elas são verdadeiras; que tudo que viveram é real, que ele é REAL.
Antes de encerrar, preciso falar que a Alana, filha da Paola, ganhou meu coração! Como é inteligente e perspicaz essa menina, como é linda a relação entre mãe e filha. Como é bonito de se ver a forma como Pedro a acolhe em sua vida, se preocupa e a aconselha.
            Esse livro foi dividido em dois volumes, e por isso, entendam que esta pobre leitora sofrerá por um tempo de um caso grave de ressaca e ansiedade literária, aguardando a continuação dessa história, que me deixou com o coração tão pequenino e sedento por conhecer o fim...
Paola, obrigada por nos apresentar esse casal, que, mesmo sendo fictício, traz um pouco de realidade às nossas vidas; são pessoas comuns, cheias de defeitos e qualidades; pessoas que podem ser nossos amigos ou vizinhos (Tudo bem que um vizinho como Pedro Lacerda... deixa pra lá).
Mas sabe qual o ponto máximo dessa história, além do amor do casal, na minha opinião? Foi a personagem da Paola, uma mulher que vem descontruir muitos preconceitos, que vem nos mostrar que uma mulher de 40 pode ser muito mais sedutora, poderosa e cheia de vida que outras mais jovens. Nos ensina que nós, mulheres mais maduras, temos poder de conquistar um homem e ensiná-lo que é possível, e mais, que é gostoso amar e viver esse amor com uma mulher madura, com toda a paixão necessária, sem amarras.


                                                                                           Continua...

Provocante - Paola Scott - Editora Charme

Livro: Provocante
Autora: Paola Scott
Editora: Charme
Casal: Pedro Lacerda e Paola Goulart

Sinopse: “Paola, quarenta anos, muito bem resolvida, separada e com uma filha adolescente. Acostumada a viver dentro das regras, mas cansada dos pré-julgamentos, decide dar um basta em relacionamentos insossos e em homens de mentirinha, que não conseguem acompanhar o seu ritmo e compartilhar suas fantasias. 
Pedro, solteiro, experiente, viril, bem-sucedido e que não admite que ninguém intervenha em seus hábitos, gosta de viver suas aventuras sexuais com mulheres mais jovens, sem se deixar envolver. 
Numa época em que os homens se sentem ameaçados pelo sucesso feminino nos mais diversos ramos, que romances eróticos expõem os desejos mais íntimos das mulheres e fazem com que estas sonhem com os sedutores personagens desses livros. E que, apesar da modernidade, ainda sejam censuradas e condenadas por uma sociedade hipócrita. O que acontece quando estas duas pessoas vividas e experientes se encontram? 
Pedro, na ânsia de conquistar uma mulher diferente de todas as que está acostumado, resolve utilizar meios escusos para se aproximar. Mas, sem dar-se conta, se vê apaixonado por esta fêmea sensual e provocante. 
Pode uma mulher, à procura do amor verdadeiro, perdoar uma violação à sua privacidade? E afinal, seria mesmo amor? Ou o tempo todo foi apenas uma fantasia?”.
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Impressão do Leitor
Simplesmente um romance de tirar o fôlego do leitor, é como posso começar escrevendo sobre o livro Provocante, da Paola Scott... Título mais perfeito não poderia haver, pois é um livro que te provoca e instiga o tempo inteiro, que te faz prender o ar, por diversos motivos em diferentes momentos, e, ao mesmo tempo, te faz suspirar com tanto amor envolvido entre o casal. Quatro palavras me vêm a cabeça ao rememorar a preciosidade dessa experiência que foi ler esse romance: intenso, provocante empolgante e apaixonante.
            Não conhecia a escrita da Paola, infelizmente!! Devorei esse livro numa velocidade feroz, como o amor arrebatador desse casal. Para mim, a Paola conseguiu trazer um excelente exemplar do gênero erótico, e o que é melhor, é uma autora da nossa terra, superando, na minha opinião, autoras estrangeiras (que já me conquistaram) que escrevem tão bem esse gênero, como a trilogia mais famosa, Cinquenta Tons de Cinza (citada neste livro).
            Ela nos apresenta um casal, maduro, mas inexperiente no que tange ao amor. Paola Goulart, uma mulher de poucos e decepcionantes relacionamentos amorosos, e no auge dos seus 40 anos, estava há dois sem ninguém. Com uma filha de 16 anos, não se permitia envolver-se em simples aventuras, mas isso não significava que não tivesse fantasias, era, ao contrário, uma mulher extremamente cheia de vida, fantasias e desejos. Muito madura, dona de uma autoconfiança que poderia até ser intimidante, tinha uma autoestima surpreendente! Era extremamente bonita, competente e de bem com a vida. Claro que tinha algumas inseguranças (quem não as tem?), mas nada que atrapalhasse sua vida e sua postura diante das dificuldades, e dos homens. Era muito correta, não admitia mentiras e traições. Paola tinha um hábito de ler, e adorava compartilhar suas leituras com um grupo de amigas numa rede social, onde se sentia ela mesma, livre, podendo falar sobre o quisesse, sem julgamentos.
            Por causa de seu trabalho como contadora, ela conhece Pedro Lacerda, um advogado, extremamente sexy e sedutor, dono de uma excelente forma física e muito vigor nos seus 42 anos, aquele vigor de dar inveja a muito jovem de 20 anos, se é que me entendem... Um homem experiente, competente, mas, na opinião de Paola, mais um mulherengo do qual deveria manter distância e segundo ela, “muita areia para seu caminhãozinho”...
Só que isso não seria assim tão fácil. O fascínio que ela exerceu em Pedro foi tão grande, que abalou as estruturas desse homem sempre tão seguro de si. Ele, sempre tão acostumado a ter a mulher que queria, percebeu em Paola uma pessoa diferente. Era um homem imponente, contudo não era arrogante, mas determinado a sempre conseguir o que queria, mesmo que precisasse utilizar de métodos não tão convencionais, até mesmo ilícitos para isso. Nunca quis envolver-se com nenhuma mulher, especialmente as mais maduras, pois não queria cobranças, não queria perder sua tão presada liberdade.
            A atração entre eles foi tão poderosa, logo no primeiro encontro, que mexeu com os dois de modo irremediável. E foi então que Pedro tomou uma decisão, no calor do momento, que poderia abalar algo intenso que ainda estavam para viver. Ele, determinado e persistente, decidiu que a queria, e foi à luta. A princípio Paola resistiu com todas suas forças, tinha medo de envolver-se e magoar-se profundamente, pois previa que, assim que cedesse, não teria mais volta, seu mundo seria transformado pela presença de Pedro Lacerda (e o dele também).

“Sinceramente? Não sei dizer o que é. Essa mulher mexeu comigo. Eu a quero para mim, mas sinto que não posso avançar como com as outras mulheres... (Pedro)

“Não sou difícil, sou seletiva, é diferente. Se eu achar que não é bom para mim, simplesmente não aceito” (Paola)

            Claro que não tinha escapatória para Paola, era uma questão de tempo para estar nos braços, na cama e em seu coração. A presença marcante de Paola, tomou conta da vida, dos pensamentos e do coração de Pedro de tal forma, que ele não podia mais imaginar nenhum momento de sua vida que não fosse preenchido por ela, de qualquer maneira.

“Você tem ideia do que fez comigo, Paola?” (Pedro)

“Eu tentava me enganar. Você é o melhor para mim. Você é tudo para mim, Pedro”. (Paola)

Preciso fazer uma ressalva aqui para os adjetivos que ele usava para descrevê-la, e o melhor, a explicação dele para isso. Esses apelidos, davam um quê especial, que, dependendo do momento, eram engraçados ou sedutores.

“Já disse que você é isso tudo. Insaciável, acho que não preciso explicar. Bruxa, porque você faz coisas que me deixam enfeitiçado por você. Loba, porque é bem-resolvida e quente como o inferno. E deusa, porque você está acima de tudo e de todos em minha vida”. (Pedro).
            Lindo de ver foi que apesar de serem maduros e vividos, estavam vivendo coisas novas, aprendendo um com o outro e com sua relação. Precisavam aprender a lidar com os ciúmes, com as fantasias, com o fogo que os consumia, e principalmente, com o amor mais sublime que os arrebatou, aquele amor de entrega, sem nenhuma amarra, aquele amor que não nos deixa vulnerável, pois temos o outro.

“Eu amo você, Paola! Amo loucamente! Como nunca imaginei ser possível amar alguém. Eu disse e repito que preciso de você na minha vida. Todos os dias, o tempo todo. Eu quero seu corpo, seu coração, sua alegria. Quero ser seu suporte, seu amigo, seu amante. Me deixe amar você. Me deixe te fazer feliz. Porque é isso que você faz comigo! (Pedro)

Ambos tinham medo do que estavam sentindo, tamanha a intensidade de tudo, da paixão e, principalmente, do amor que os arrebatou, que os consumiu. Era algo tão intenso, uma conexão tão forte, uma atração tão arrebatadora, que nem precisavam expressar com palavras, bastava os corpos e olhares conectados para que falassem tudo o que sentiam. Tudo nesse casal era intenso, desde os jogos de sedução, de provocação até as demonstrações de carinho e de amor. Como disse, esse casal, suas vivências, são de tirar nosso fôlego.
O amor tão forte que sentiam gerava o medo de perder o outro, de acordar e perceber que tudo não passou de um sonho, que nada daquilo era real. Esse medo tornou-se ainda mais palpável com a presença de alguns obstáculos no caminho, alguns até criados por eles. Pessoas do passado resolveram aparecer, pessoas do presente resolveram colocar as manguinhas de fora, e promover um imenso teste à força desse amor que se instalou de forma tão devastadora e transformadora.

“Paola! Diz que nunca vai me deixar. Promete que vai ficar comigo. Para sempre.” (Pedro).

Lembram que eu falei lá em cima que Pedro utilizava de meios não tão convencionais para conquistar o que queria? Pois bem, isso cobrou seu preço e agora, ele precisará provar, acima de qualquer coisa, que, apesar de seus defeitos, ele tem grandes qualidade e mais, que elas são verdadeiras; que tudo que viveram é real, que ele é REAL.
Antes de encerrar, preciso falar que a Alana, filha da Paola, ganhou meu coração! Como é inteligente e perspicaz essa menina, como é linda a relação entre mãe e filha. Como é bonito de se ver a forma como Pedro a acolhe em sua vida, se preocupa e a aconselha.
            Esse livro foi dividido em dois volumes, e por isso, entendam que esta pobre leitora sofrerá por um tempo de um caso grave de ressaca e ansiedade literária, aguardando a continuação dessa história, que me deixou com o coração tão pequenino e sedento por conhecer o fim...
Paola, obrigada por nos apresentar esse casal, que, mesmo sendo fictício, traz um pouco de realidade às nossas vidas; são pessoas comuns, cheias de defeitos e qualidades; pessoas que podem ser nossos amigos ou vizinhos (Tudo bem que um vizinho como Pedro Lacerda... deixa pra lá).
Mas sabe qual o ponto máximo dessa história, além do amor do casal, na minha opinião? Foi a personagem da Paola, uma mulher que vem descontruir muitos preconceitos, que vem nos mostrar que uma mulher de 40 pode ser muito mais sedutora, poderosa e cheia de vida que outras mais jovens. Nos ensina que nós, mulheres mais maduras, temos poder de conquistar um homem e ensiná-lo que é possível, e mais, que é gostoso amar e viver esse amor com uma mulher madura, com toda a paixão necessária, sem amarras.


                                                                                           Continua...

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Lembranças de um Amor - Shirlei Ramos

Livro: Lembranças de um Amor
Autora: Shirlei Ramos
Editora: Independente
Casal: Gabriel (Gabe) e Patricia (Paty)

Sinopse: “Patrícia era o grande amor de Gabriel. E, aos 17 anos, ela não imaginava um futuro no qual o moreno alto, de intensos olhos escuros e sorriso fácil, não estivesse. Porém, um acontecimento inesperado mudou o rumo de suas vidas e os separou.

Quinze anos se passaram. Foi o tempo que levou para Gabriel se tornar um biólogo e passar a administrar uma pousada em Santa Catarina. Para Patrícia, o tempo também trouxe transformações. Ela se tornou uma habilidosa artesã e trabalhava incansavelmente para manter a casa.

As únicas coisas que o tempo não conseguiu modificar, contudo, foram as lembranças do amor que tanto Patrícia quanto Gabriel guardavam intactas dentro de si.

No entanto, um evento promete alterar novamente seus destinos e os colocar frente a frente, mostrando que uma história de amor verdadeira é capaz de superar todos os percalços impostos pelo tempo”.
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Impressão do Leitor
Gente, qual é o poder que a Shirlei tem de me fazer derramar tantas lágrimas em um só livro? Seus livros são tão emocionais e intensos, que nunca consigo escrever sobre eles no mesmo dia... Preciso ficar com esse sentimento preso a mim, e como a resenha marca o fechamento do ciclo (meu ciclo de leitura), prefiro retardar a presença marcante desses personagens em meus pensamentos. Isso acontece por ela ter o poder de descrever as cenas e as emoções das personagens de forma tão limpa, sensível e rica em detalhes, que nos percebemos extravasando essa emoção de forma tão intensa e inebriante.
Lembranças de um amor traz em seu escopo uma série de sentimentos de forma tão poderosa que me deixaram sem ar... Primordialmente, claro, o amor, mas temos o perdão, a gratidão, o reconhecimento... A relação familiar também é muito marcante, a entrega das personagens é incrível.
A história é narrada em terceira pessoa, extremamente bem escrita, com riqueza de detalhes que nos transportam para o enredo. Retrata um amor que começa ainda na adolescência, mas que precisa enfrentar inúmeros obstáculos, principalmente a sua imaturidade... Amor que passa por inúmeras provações, que é envenenado por outras pessoas, é marcado por inveja de outros. Mas é um amor que, embora tantas provações, tantos desencontros e mal-entendidos, persiste nos corações de ambos, mesmo que seja contra a vontade dos dois.
            A Patrícia é uma mulher que tem uma história de vida bem sofrida. Não tem uma boa relação com os pais, e seu amor por Michelle e Gabriel, é o que a sustenta, mesmo com a separação que lhes foi imposta. Com tudo que viveu, tornou-se uma lutadora, mas com um grande problema em sua autoestima e autoconfiança. Precisou abdicar de sonhos profissionais para assumir grandes responsabilidades muito precocemente. Depois de ter Gabriel em sua vida e tê-lo perdido, fechou-se para o romance, não conseguindo ter nenhuma experiência satisfatória. Mas tudo que viveu, não abalou sua generosidade e coração puro.
            Gabriel é um homem lindo, com um espírito lutador, seguro dos seus sonhos profissionais, mas fechado para o amor, diante de uma certa mágoa que guarda de seu passado. Na verdade, seu coração, mesmo que lute contra, pertence a Patrícia, embora com tanto tempo separados, a distância não foi suficiente para apagar esse grande sentimento. Usa seu passado para esquivar-se e fugir de situações aversivas que foram seus algozes. Em seu mundo privado, travava uma guerra entre o amor e o rancor.
            Esse encontro gerou um lindo fruto, que na minha opinião, foi o elo que ajudou a manter vivo esse amor entre o casal. A Michelle, fruto de um amor de adolescência, é um capítulo a parte. Uma adolescente extremamente confiante, alto astral, cheia de vida, de sabedoria e sensibilidade, com um grande objetivo: unir seus pais novamente e formarem, finalmente, uma linda família. E claro, age para garantir que isso aconteça.

“Ai, já fico imaginando vocês dois juntos, a gente morando em Santa Catarina, vocês me dando um irmãozinho...” (Michelle).

“...Sei que você sofreu muito enquanto eu crescia... você também, pai. Mas vocês não permitiram que nenhum sentimento ruim destruísse o amor que sentiam um pelo outro. Sempre existiu algo raro entre vocês... mesmo quando estiveram distantes... Não encontro isso mais em lugar nenhum... nem nas pessoas que eu achava que eram minhas amigas... Todo mundo está tão... frio, sem esperança... cada dia mais cheio de ódio. Então... eu... bem, eu queria que vocês esquecessem as coisas ruins que vivemos e pensassem que sempre fomos pessoas privilegiadas, porque nós... nos amamos” (Michelle).

            Gente, e o que foi o reencontro desse casal?! Muitas borboletas em meu estômago. Claro que esse momento trouxe à tona os fantasmas e mágoas do passado, mas quando se permitiram ouvir seus corações, o chamado de suas almas, foi superior a qualquer rancor que pudesse existir.

“Mesmo depois de todos esses anos sem te beijar, eu ainda me lembro do gosto de sua boca, minha princesa”. (Gabriel)

“Sou a mulher mais sortuda do mundo por ter você há dezoito anos, meu Gabe, mesmo quando você não estava ao meu lado, estava no meu coração. Agora eu sei que você continuava em minha vida e foi meu amor por você que me fez suportas todos os percalços e os anos de solidão. E é também ele que está resgatando o meu amor-próprio. Muito obrigada”. (Patricia)

            O amor desse casal passou por várias fases: o amor adolescente, imaturo, de descobertas, inocente, sensível, romântico; o amor maduro, protetor, seguro, romântico, carnal. Enfim, amor em várias nuances, respeitando os momentos distintos, mas cercado de romance e sensibilidade que a Shirlei impõe em sua escrita, como poucos autores o fazem.
            Várias foram as lições que esse livro me ensinou, mas a principal delas foi sobre a força e o poder do verdadeiro amor. Aquele amor que é além da carne, é um encontro além de dois corações, é a conjunção de duas almas que se fundem em uma só. Mesmo que os obstáculos se interponham entre eles, a união das almas é tão forte e sublime, que nem a distância física, nem a negatividade e maldade humana, são capazes de promover a cisão dessas almas. Esse livro me marcou, pois me mostrou que o amor transforma, o amor protege, o amor nos blinda de tanta negatividade. O amor é o nosso reforço de grande magnitude, é aquilo que nos fortalece, que nos permite nos autoconhecermos, nos favorece a autoconfiança. Foi isso que vi em Gabriel e Patrícia, um amor tão forte e intenso, que transformou suas vidas, e transcendeu às páginas do livro e mudou a minha forma de enxergar o poder do amor, da união, da família!!
           

P.S: Bem que podia ter um romance sobre a Michelle estudando Moda em Florianópolis, hein, Shirlei?! Com direito a um grande amor, para seguir os passos de seus pais e superar a sua primeira decepção amorosa. Com certeza eu ia adorar!!!